sexta-feira, 5 de setembro de 2014

HUTS - ARTEAN


“Mi pensamiento es este: Espacio es lugar, sitio, y éste sitio en el que nos desenvolvemos y en el que tratamos de desarrollar nuestra escultura puede estar ocupado o sin ocupar. Pero este sitio sin ocupar no es el vacío. El vacío es la respuesta más difícil y última en el tratamiento y transformación del espacio. El vacío se obtiene, es el resultado de una desocupación espacial, ésta es su energía creada por el escultor, es la presencia de una ausencia formal (…) En física el vacío se hace, no está. Estéticamente ocurre igual, el vacío es un resultado, resultado de un tratamiento, de una definición del espacio al que ha traspasado su energía una desocupación formal. Un espacio ocupado no puede confundirse con un espacio vacío“. (Jorge Oteiza)


Hemos empezado el proceso de investigación HUTS - ARTEAN donde nos proponemos abordar una cuestión central de la coreografía que es el espacio, mediante la investigación de cuerpos que en sus maneras de moverse y posicionarse - a través de la danza - esculpan el vacío. Esto supone un cuestionamiento y una implicación que no se centre en las formas visibles que adopta el cuerpo-danzante al componerse y generar movimientos, sino, en como, a través de una lógica de ocupación y des-ocupación del espacio se pueden producir vacíos en intensidad: producir espacio. 

La base conceptual inicial para el desarrollo de este proyecto son las ideas de ocupación y des-ocupación del espacio propuestas por Jorge Oteiza en su trabajo, principalmente en  "Las cajas Metafísicas" del año 1956-1958.


Investigaremos el desplazamiento de la mirada del público desde el cuerpo de los interpretes al espacio que los contorna y que estarán esculpiendo constantemente. En la creación de esta pieza se profundizará en un cuerpo implicado con el espacio que irá creando y adensando a su alrededor.

HUTS - ARTEAN  es un proyecto financiado por la Cátedra Mikel Laboa (UPV) y apoiado por AZALAEspacio, donde realizaremos una residencia artística en el més de Noviembre de 2014.  Una primera presentación esta prevista para inicios de Diciembre de 2014.









quarta-feira, 28 de maio de 2014




Habitar espacios desde la creacion artística: redes de colaboración y creación de contextos.

Encuentro en Offlimits: dia 31 de mayo a las 21:00
Calle de la Escuadra, 11 (Lavapies, Madrid


El encuentro emerge de la residencia realizada en Offlimits por el Colectivo Qualquer entre Abril y Mayo de 2014. A partir de nuestras preocupaciones actuales proponemos este encuentro con la voluntad de generar una conversación y reflexión abierta acerca de los modos de hacer y de aprender, de las redes de colaboración y de la generación de contextos para las prácticas escénicas.

A raíz de habitar el espacio de Offlimits y después de la realización de la película "It was a large room" en el taller de Creación Audiovisual y Digital impartido por Chus Dominguez en el contexto del Máster en Práctica Escénica y Cultura Visual, os presentamos como punto de partida de este encuentro el proyecto escénico-cinematográfico “It was a very large room”. Realizado en co-creación con Camila Tellez y en colaboración con Luisa Castro y Paula Cueto, rodado en Offlimits para ser proyectado en Offlimits.

Con esta excusa inicial y el intercambio de apreciaciones y reflexiones acerca de los temas propuestos, esperamos generar un espacio donde podamos libremente hablar de nuestras experiencias particulares (de lo que ya está ocurriendo en muchos espacios y colectivos) y vislumbrar posibles desarrollos y entendimientos acerca de estas cuestiones. Un espacio donde podamos, más que crear respuestas, crear buenos problemas, que son con los que merecen la pena perder el tiempo y continuar trabajando en la ampliación de este debate.




DENTRO
Dentro es la manera en que habitamos el tiempo, a partir de movimientos que van arrugando las líneas del espacio. Generamos una danza de superficies en movimiento que extienden y encogen los cuerpos que conforman una coreografía - también la de los cuerpos que miran – densificando el encuentro en el presente. La aparición de un lugar en movimiento sin adelante ni atrás, ni derecha ni izquierda, ni frente ni verso, ni antes ni después.

Coreografía: Coletivo Qualquer - Luciana Chieregati e Ibon Salvador;
Concepto: Idoia Zabaleta;

Intérpretes: Coletivo Qualquer - Luciana Chieregati e Ibon Salvador;
Sonido: Ibon Salvador e Ignacio de Antonio;
Fotografía: Coletivo Qualquer - Luciana Chieregati e Ibon Salvador;
Agradecimientos: Idoia Zabaleta e Camila Tellez

terça-feira, 15 de outubro de 2013

WALK AND TALK #1 em Bilbao


La performance será transmitida en streaming el día 16 de Octubre a las 18h y a las 19h en la STRESS FM.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Depois de descampar;


 
nos encontramos entre os dias 8 e 19 de julho nos espaços da Re.al e 30 da Mouraria, em Lisboa. 4 coreografas: Luciana, Silvia, Márcia e Ibon. Com o intuito de: criar o espaço suficiente para un encontro que potencie a descoberta de brechas no terreno, brechas de nao saber.
 Foi uma proposta de descampar, estar lá, etc.
 

Lembro me especialmente dos momentos de desassossego e das maneiras de fugir destes, quero dizer que a cada vez que se apresentava um incomodo, um lugar de risco possível que conduzisse aquele encontro numa direcção imprevista ou inesperada sempre tendíamos a uma recuperação dum marco estável: uma conversa quase quotidiana, um aislamento individual que fugia da espacialidade que estaria a ser gerada, uma saída real do espaço, um marco de estudo seja do livro ou do corpo claramente identificável (visível) como corpo protegido no significar do “estou estudando”. Por que haveríamos de querer desprender-nos tão rapidamente dessa sensação de incomodo, desse estado tão potente? O que nos faz querer encontrar sempre aquele cantinho seguro mínimo que funciona como um cerco a volta, uma membrana de fato menos permeável? Será que durante estes dias tivemos a fugir dessa incomodidade que emergia a cada proposta que nos fazíamos nesse lugar de estar, estar junto, sem conhecer-nos quase, deixando que o desconhecido campeia-se todo o tempo por lá? Pense varias vezes se descampar não seria abrir aquele buraco negro que fosse engolindo as luzes dos significantes, dos significados que nos fazem ser Ibon, Márcia, Sílvia, Luciana; não como destruição, mas sim numa suspensão daquele reconhecimento constante de nos próprios e daquele espaço concreto, naquele dia. Qual é essa vivencia que se vai gerando enquanto nos propomos não criar marcos pré-estabelecidos, nem de conversa, nem de actividade, nem de pensamento? É isso sequer possível?

Durante esta semana no 30 da Mouraria e na Re.Al jogamos esse jogo a momentos, esse jogo que escorrega ao lado de nos próprios e nos olha e, noutros momentos, instalamos a calma do papo estabelecido, da rotina organizando se em rotina, do tu és tu e eu sou eu. Mas a fissura, a brecha explodia levemente a cada canto todos os dias, naquele aborrecimento, naquele incomodo com quem esta ao lado, com um mesmo ao lado de si próprio. E se agarrássemos aquele incomodo e fossemos com ele eramos vestias enfurecidas talvez, ou crianças chorosas, ou seres perdidos numa imensidão, quase doentes, quase inumanos, loucos, loucos talvez? Não sei bem porque isto me faz lembrar daquele livro “escrita da potencia” (Giorgio Agamben) em que se fala da pena que é molhada na tinta escura do pensamento, da potencia como aquela superfície opaca e profunda ao mesmo tempo da escuridão. Descampamos numa amalgama de tinta, num nevoeiro sem chão nem suporte, num colapso inasivel, buraco negro que absorve a luz da representação imediata? Será? Descampamos numa escrita da dança que se escreve no próprio emergir da dança? Esta semana foi isso, um lugar de potencia que passava de leve, ao lado, inadvertido mas assobiando-nos?

Como pequena interferência neste texto e para insistir na importância da metáfora do tinteiro e a mão que nele molha a pena, quero aproximar a frase concreta na qual Agamben nos diz: “(…) decisivo não é tanto a imagem do escriba da natureza, mas o facto do noûs, o pensamento ou a mente, ser comparado a um tinteiro no qual o filosofo tinge a própria pena. A tinta, a gota de trevas com que o pensamento escreve, é o próprio pensamento.” Interessam nos aqui dois fatos que se desprenderiam desta leitura; por um lado o que se desprende desta ultima frase “…a gota de trevas com que o pensamento escreve, é o próprio pensamento” ou seja, essa afirmação pela qual o pensamento, um dos fundamentos da nossa cultura, digamos a potencia do humano, é exposto aqui como as trevas, uma substancia em si inasivel, desconhecida e inidentificável, uma nebulosa mediante a qual se definiria a própria potencia do pensamento, o seja o que o pensamento é – pura potencia. E não só isto, já que junto a definição do pensamento como tinteiro de trevas, ele – G. Agamben - nos oferece uma outra imagem:  a de a escrita própria desse pensamento como uma escrita que se escreve a partir duma gota de trevas. A partir de aquí o segundo fato que nos interessa observar é, a leitura que podamos fazer do termo pensamento, – que é a gota de trevas com a que escrevemos -, já que nesta leitura concreta nos pode parecer estar limitado ao marco da linguagem escrita, da palavra e do discurso. Mas e se deslocarmos ou ampliarmos a concepção deste entendimento do pensamento para um lugar mais abrangente que compreenda o movimento, a linguagem corporal-postural que acompanha todo acto discursivo e da palavra e, em definitiva, estender mos esse tinteiro de trevas ao self, a um corpo-pensante em potencia? Aí talvez estejamos a olhar com a justeza suficiente para esse termo dito de pensamento, e para nossa escrita tridimentsional no espaço. Talvez então, estas leituras nos ajudem a nos aproximar de algumas percepções que nos acometeram durante esta semana de Descampar. Talvez nos podamos aproximar desde ângulos outros a experiencia da escrita coreográfica a partir das trevas (da névoa do nevoeiro) que podam ter acontecido em instantes durante esta semana de estares no estúdio, ou os momentos frágeis em que inscrevemos nosso corpo em trevas no espaço. É mais, talvez a abertura para a comprensao psico-fisico-espacial do termo pensamento, nos ajude a deslocar esse mesmo tinteiro de trevas ao espaço com o qual estivemos a pensar o movimento, o corpo, a palavra e os sonhos, e ver o escuro que contem a luz. Qual o tempo a percepção de ajustar-se numa frequência de disponibilidades para mergulhar nas trevas de nosso encontro? Há tempo, e há tempo dentro do tempo disso ficou alguma certeza.

Queria trazer este trecho de texto pelo fundo implícito de desconhecido que implica em toda experiencia, pelo foco inconsistente mas assertivo das ditas trevas em que se propõe nele uma potencia qualquer e pelo que isto possa implicar na temporalidade de ver e ver-se, de compreender e compreender-se, na emergência nestes dias da dilatação do tempo de identificação do “sim é” e o “não é”. Isto porque durante o Descampado, nestes 5 dias de estar no estúdio, me tem acompanhado uma urgência em agarrar-me as coisas, suster-me na parede com um braço, correr sem correr a por o caderno e a caneta, refugiar-me num livro, numa velocidade arquivadora ou conciliadora inesgotável. Mas também tenho me descoberto em instantes fazendo coisas sem as fazer, deixando uma pegada de agua no chão sem querer a deixar, apaixonando me da cadeira verde, perdendo minhas costas em outras latitudes da esfera terra, desfazendo a linearidade dos eventos e, sobre todo, esquecendo, esquecendo o que tinha que ser.
 
ibon salvador bikandi

  

 

 

 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

pensar-dançar rua


Tentar dizer o que não sabemos dizer tem vindo a ser uma prática continuada, ainda mais sabendo que quando dizemos aquilo, vamos continuar sem saber ou simplesmente enunciaremos um outro campo desconhecido. Olho muito longe e muito perto, aí onde os planos e os volumes de novo se abstratizam e se desfocam e são qualquer coisa em potencia, um “não sei”. Tentar articular na escrita, aquilo que queríamos dizer na palavra em ato para outros muitos, vocês aí - ou melhor para nós muitos, eus aqui -, tem sido também um movimento frequente. É o que estou a fazer.

Isto, é sim, uma introdução para mim mesmo, uma tentativa mais de clarear a minha emergência em querer escrever um lapso vivencial acontecido faz 10 minutos atrás quando passeava a caminho de casa, uma impossibilidade em me dizer a mim próprio, em me escrever. O que me faz querer introduzir, mediante a língua escrita, esse meu lapso íntimo no contexto coletivo da língua? Onde aparece a vontade de dizer-se? Entendo essa vontade imediata de escrever como uma vontade de dizer, de por num plano diferenciado a experiência – melhor ainda, de fazer experiência da experiência - de manipular essa matéria abstracta da palavra para comunicar-se, imediatamente pelo menos, com meu eu-outro. Com esse eu, que só prolifera e existe na língua e mediante ela se vê a si próprio, se ouve, se veste, se fala e se faz mesmo comum aos outros-nós, outros-eus, ao despertencer-se de si próprio, se jogando ao ar na experiência do dizer. Uma capacidade de criar mundo? 

Tanta razão que se amontoa uma sobre a outra quando no começo isto não queria ser tão lógico.

Ia caminhando, o corpo rarefeito, como se tivessem passado muitos anos nos últimos dois meses, o corpo pensando-se e percebendo-se com Lisboa de novo, os ombros crescendo largos, olhos grandes, olhos agrandados, a pele velha e querida aceitando a forma que adquire a cada momento, um nariz aberto que deixava passar a pedra fria. E  vou chegando… com passos largos e areados desde a estação de comboios, através do Mercado da Ribeira até o Largo de São Paulo… neste ponto suspendo, ralentizo (slow-down) e contorno as formas ou elas me contornam. Há aqui, neste largo, um perímetro, certas ruas, alguns espaços onde, por certa dilatação das fronteiras entre o conveniente e o inconveniente, o corpo-que-caminha avança entre gestos e dobras, suspensões e ligeiras acelerações que habitualmente formam parte das impossibilidades da cidade, o gesto se rebela e acontece-me certa abertura, ou o fazer-se da possibilidade. Esta percepção, que se ia apegando ao pensamento, este pensamento do espaço se pensando – de se pensar com o espaço - foi me propondo desde a comunicação imediata com uma climatologia, uma luz, um devir do espaço no tempo; a possibilidade do corpo de criar espaços no espaço. Mas não só isso! Também observei a sobrevivência e extensão desses espaços criando-se por si próprios, como se a performance Walking and Talking e as práticas de meses na rua, tivessem produzido uma outra dimensão na historicidade do Largo de São Paulo ou anteriormente na rua da Mouraria, no Beco do Jasmin, etc. E a percepção da extensão destes espaços no tempo estava a ser quase como se: no labor comprometido da alquimia subtil da geração de espaços com o espaço-corpo, o que estivéssemos a fazer fosse semear possibilidade e tempo-espaço no lugar, carregando este de memorias possíveis no presente.

Irrupção de uma matéria que ainda não é constatada na língua, uma capacidade que vai se exercitando no corpo-pensante, de ver, não só desde a funcionalidade dos sentidos, se não desde a capacidade imaginativa (sense of imagination, Lisa Nelson) ativa continuamente neles e que no hábito da sobrevivência, na ausência da prática da dúvida é absorvida no horizonte do conhecido. Isto, é uma tentativa de se aproximar à inflexão que se realiza na produção do “real” em um espaço quando as atenções se permitem atentar, não desde um fim específico que tenta identificar as arquiteturas, movimentos, condições de perigo (ou não) com o propósito de estabelecer o antes possível um marco seguro, ou (re)conhecido - algo que precisamos que seja sem dúvida isso que estaríamos vendo (tautologia) -  se não, quando na dilatação, necessária nestes dias, do tempo de identificação do “sim é” e do “não é”, um corpo, uma comunidade considera a possibilidade de gerar o “real” desde as atenções e o imaginário que destas emerge, em conjunto com a historicidade, com a qual operaríamos inevitavelmente na actualização desse “real” - ou fazer do real experiência .

Mais especificamente enquanto nos permitirmos duvidar que o olho esta treinado para ver só entre estes e aqueles parâmetros, e o ouvido para ouvir entre estes e aqueles outros, enquanto abrirmos a possibilidade de que o espaço corpo for imaginado ou estendamos os abismos da inter-espacialidade dele próprio para com ele próprio. Algo pequeno e grande na observância desse pequeno, algo próximo e longínquo, algo que não se obriga a estar preso na história do humano, nessa história que parece nos dizer que estamos presos a condutas e heranças, algo que se detecta vivo, até na mais pequena das partículas e abre brecha na sua historicidade com sua historicidade também.

Neste sentido há sim que brincar a imaginar, a ver e a perceber, não num positivismo romântico mas simplesmente como um exercício vital ante o colapso.