“(…)Uma maneira emergente, nao um ser que é deste modo ou de outro, mas um ser que é o seu modo de ser e, portanto, mesmo permanecendo singular e nao indiferente, é múltiplo e vale por todos.” Um movimento do ser gerando-se pela propria maneira.
Nos últimos ensaios, deparo-me em conversa com luciana que tenho voltado para uma questao que va-se mostrando em min intermitentemente durante iste processo de pesquisa (e na vida)que é a procura enquanto a conseguir algo, ese movimento de ir categorizando, nominando a minha dança. Se-calhar uma vontade de controlo nas palavras com as que me conto a mi mesmo o qué que estou a façer. Um “julgamento” de qualidades e atmosferas, um preconceito do que quer-ia que acontezca num ensaio.
Estou a mexer-me no espaço e pergunto-me si isso sera interessante. Desde que lugar em min valoro se é o nao é de interesse algum? Que e o que apareçe nesse momento que acorda meu interesse? Onde fica em min isse movimento? E, desde que angulos, visoes estou a pretender que sea interesante para os outros? Estou a falar de comunicaçao, acho... com o espaço, com o publico, commigo, sem estaveleçer neuma fronteira entre estas palabras, sem clausurarlas, deixando que se comuniquen: espublico, publipaço ou espublimigo. Estou acercándome dos meus desejos (e interesses) no momento , observo, participo de cómo istos se organizam com o espaço em volta(estençoes) no acontecer da dança, de um jantar, da lectura da tarde. Acho que isse desejo que me faz cosarme a orelha agora, o abrir a pupila em uma direçao determinada esta-se a relaçoar com a parede branca na minha frente, com o barulho do electrico... nao como algo que detecto e classifico no momento, se nao como um movimento do desejo que o sinto organizar-se, mas mais numa trama sobreposta. Observo a relaçao interesse-desejo desde o movimento do espaço.
“Qualquer”(quodlibet) o ser que seja como for nao é indiferente” ele contem desde logo, algo que remete para a vontade (libet), o ser qual-quer estabeleçe uma relaçao original com o desejo”
Um ser que seja como ele for, nao se mantenhe indiferente, e que ao ficar no seu ser tal qual é considera os seus desejos, implica em min um movimento que posivilita outros marcos de comunicaçao, de açao (nao-açao), por tanto de dança.
Uma posibilidade de comunicaçao que se observar-mos o proprio “Qualquer” como palabra, ista estabeleçe já numa interrelaçao colectivo-individuo: é qualquera de nos e ao mesmo tempo é voçe, eu ou ele. Interrelaçao que nao determina ao individuo, no sentido de colarle istas ou aquelas propriedades(ser vermelho, muçulmano, ou portugues) e assim propicia um movimento das impropriedades(ligadas em min ao desejo, a todo aquello que surge em min fora das clasificasoes, uma camada na que o corpo fala as palavras, em que o movimento e multiplo por que nao tentamos apropriarnos dele), abrindo-se para a posivilidade do aconteçer que sempre é inesperado, e contem um enorme factor de incertidumbre (abrindose para o inapropiado que pode ser cualquer futuro). Estar e deixarse ir, distraçao e atençao, natureça comun e singularidade, proriedade e impropriedade se tornan reversíveis e se penetram reciprocamente. Uma comunicaçao que fuge do lugar explicativo de algo, uma comunicaçao mais cercana ao tacto na que a informaçao aconteçe numa linea cintilativa em que emisor e receptor se comfundem num ter-lugar. Assim minha relaçao com o objeto, com o espaço nao e determinada, nao tenhe designada ista ou aquela propriedade, é maís um movimento das impropriedades apropriandose, da apropriaçao das impropriedades que estabeleçem um limiar confuso, um espaço “entre” elástico criando: espaços, movimentos, palavras… para que um outra comunicaçao este aconteçendo.
Em um lugar cualquer que nao indiferente, deixo que o desejo desvende os interesses, vou-me apropriando dos pequenos movimentos que nao tenhen nome, traçendolos para a materia(a palavra) que é a dança escutando uma pausa, o frio, o chao. Se gera um espaço, um transito entre o delimitado e o desconhecido, nao é o chao, é eu agora com o chao indo e vindo, aí o desejo e um tremor e o interesse se distrai no movimento que é a relaçao entre o proprio e o improprio, o que estou deixando ser.
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