quarta-feira, 4 de novembro de 2009

lugares o nao lugares.

Como é que intenciono ir coreografando devenires e intensidades?
Os dois ensaios no parking da Praça da Figueira foram brutais para mim. Observei no meu corpo e nos videos como desde esse começar no nada, nesse ir indo que é a improvisaçao aparecia um período de movimento duvidante, que nao tem uma intençao clara mas que vai. No ir indo escuto como esse nao territorio, essa impropriedade que desconheço vai entrando (entre-ando) em linhas e intensidades, que de alguma maneira o territorializam. Observo que esta qualidade mais sutil se estabelece em um jogo de insistencia e tempo. Tem que ver com construir um movimento dos entre-espaços, lugares que aparecem como uma grande duvida, como um nada que tem que ver com as nossas impropriedades, com acercar-nos ao desconhecido que está sempre aí a cada passo que nos permitimos dar sem perguntar porque ou como.
Começamos indo juntos em uma escuta das direçoes do nosso corpo (do outro), das manchas de luz no espaço e precisamos de tempo para o encontro, entre nós, com o som, com as novas informaçoes relacionais que surgem enquanto nos permitimos ir a territorios incertos. As vezes a cadençia é leve, outras uma densidade muscular surge com força, se-calhar uma pausa vibra com o espaço. A beleza que observo subtrae-se, desliza-se nas bordas de uma linguagem inter; quero dizer na apariçao de uma traduçao conjunta entre o espaço (som, temperatura, cor, gravidade, matéria) e nós (som, temperatura, cor, gravidade, matéria) e aí nessa oscilaçao mutua, nesse encontro surge a matéria (palabra) que é tactil ou nao, que pode ser a mais leve brisa, uma montagem mecanica ou a pegada de um elefante. Isso nunca se sabe.É preciso estar lá, no ter lugar.

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